Nos últimos anos, o mundo do varejo tem experimentado mudanças enormes e irreversíveis devido ao avanço do digital. Não é de se espantar que, como acontece em qualquer período de transição, tenham surgido vários desafios, para os quais foi necessário encontrar soluções rápidas, eficientes e engenhosas. Em resposta, os varejistas criaram unidades de negócios internas para alcançar essa almejada inovação, acelerando assim sua compatibilidade com um mundo movido pelo digital. A consequente ascensão dos laboratórios de inovação do varejo, que se baseiam fortemente na tecnologia headless, é um verdadeiro fenômeno.
A agenda de um laboratório de inovação é completa e diversificada. Por um lado, as unidades estão criando soluções tecnológicas para os eternos debates sobre como misturar operações de lojas físicas com operações on-line de forma eficaz, acompanhar o ritmo acelerado da evolução do comportamento do consumidor e manter uma vantagem em relação aos concorrentes, entre outras coisas. Por outro lado, estão liderando a mudança a partir de dentro, pois o aspecto cultural da digitalização é um tema extenso e complexo. Apesar de ser trabalhoso, vale a pena ter um laboratório de inovação, como muitos clientes da VTEX podem atestar.
É o caso da Cobasi, uma rede brasileira de pet shops, com 35 anos de história e uma presença de marca que se beneficia de mais de 100 lojas físicas. A empresa iniciou um processo intenso de digitalização em 2018, quando incorporou uma nova equipe de gestão com experiência em e-commerce. O Cobasi Labs tem liderado esse processo, operando como uma startup interna que vai ficando maior e mais ousada com o passar do tempo. Graças à sua rápida adaptabilidade, a Cobasi foi um dos primeiros varejistas a implementar a opção de retirada na calçada (curbside pickup) no Brasil durante a pandemia de coronavírus.
De forma semelhante, o Grupo Soma, um conglomerado de marcas de moda brasileiro que abrange nove marcas e mais de 200 lojas físicas, iniciou uma transformação digital maciça quando ficou claro que a tecnologia poderia otimizar processos e fluxos em todas as áreas de negócios. Com a ajuda do Soma Labs, composto por mais de 100 designers e desenvolvedores altamente talentosos, o Grupo Soma agora gera 60% da sua receita pelo e-commerce, uma conquista espetacular em comparação com a média do mercado, de aproximadamente 5%. Não é de se estranhar, portanto, que recentemente o Grupo Soma tenha sido reconhecido como uma das 5 Empresas de Varejo Mais Inovadoras do Brasil.
Mas os benefícios dos laboratórios de inovação do varejo vão além de títulos sofisticados e soluções de curto prazo. Com uma experiência inigualável em operações internas, essas equipes podem canalizar sua energia para o que realmente importa: proteger e aprimorar a marca.
A inovação pode ser alcançada por diferentes caminhos. Pode-se construir algo novo do zero, mas também combinar ideias, práticas e produtos já existentes de forma criativa para obter um resultado totalmente novo. Os laboratórios de inovação do varejo fazem as duas coisas, mas na maioria das vezes eles constroem com base no que seus parceiros de tecnologia colocaram a sua disposição. E que melhor maneira de fazer isso se não com a tecnologia headless?
O headless se tornou a palavra do momento no mundo do comércio. Ele dissocia o front-end do back-end, permitindo que as APIs intermedeiem a comunicação entre eles. Essa tecnologia é útil para os varejistas que desejam lidar de forma eficaz com a atual expansão dos canais de contato com os clientes (IoT, SMS, mídias sociais, voice commerce, etc.), pois permite que cada front-end seja otimizado de acordo com as propriedades específicas dos canais enquanto extrai informações de um único back-end. Em resumo, o headless oferece flexibilidade e autonomia, muito atraentes para os fornecedores e os laboratórios de inovação do varejo. A VTEX, com sua infraestrutura em nuvem API-first baseada em microsserviços, pode fornecer isso a seus clientes.
Em 2019, a Cobasi começou a trabalhar na elaboração de um checkout customizado para o seu e-commerce utilizando tecnologia headless. A empresa buscava mais flexibilidade, pois ao ganhar mais controle em termos de customização, eles poderiam atender melhor seus clientes, gerando melhor desempenho e maior receita. Também poderiam testar e melhorar continuamente novos recursos, algo difícil dentro da estrutura de um checkout nativo que foi criado para atender às necessidades gerais de vários comerciantes. Assim, um checkout específico para a Cobasi, construído sobre a plataforma VTEX e que simplesmente chama as APIs da VTEX, resolveria uma série de problemas.
Seus esforços foram recompensados com um tempo de carregamento mais curto, uma melhor experiência do usuário (UX) e, o mais importante, um aumento de mais de 20% da taxa de conversão. O sucesso desse projeto pioneiro e a experiência adquirida ao longo de sua implementação permitiram que outras ideias tomassem forma. A Cobasi redesenhou suas páginas PWA usando tecnologia headless e planeja fazer o mesmo com as páginas do seu e-commerce em 2021. Além disso, após uma parceria com terceiros ter acabado de forma inesperada em plena pandemia, a empresa conseguiu assumir o controle sobre o seu aplicativo em apenas um mês. A arquitetura API-first da VTEX permitiu tudo isso.
“Não teria sido possível construir o que construímos sem as APIs e a plataforma da VTEX. Não há nada melhor para a Cobasi.”
Felipe Tamburus, Head do Cobasi Labs
Já o Grupo Soma lançou aplicativos B2C utilizando a tecnologia headless da VTEX para duas de suas marcas, Animale e Off-Premium, e outra marca em breve seguirá o exemplo. Na medida em que oferece mais um ponto de contato com o cliente, um aplicativo é muito bem-vindo. Mas o Grupo Soma acredita que os aplicativos são ainda mais especiais, pois pode-se obter o look & feel da marca dentro deles, o que fortalece o relacionamento direto com o cliente e impulsiona a fidelidade à marca. Para empresas centradas no cliente, como o Grupo Soma, eles são indispensáveis.
“É muito trabalhoso desenvolver e manter aplicativos, mas é impossível não tê-los. Felizmente, podemos configurá-los muito rápido, graças à arquitetura baseada em microsserviços da VTEX.”
Alisson Calgaroto, Diretor de Tecnologia e Inovação do Grupo Soma
A iniciativa headless mais recente do Soma Labs foi a implementação de sessões de live-streaming após o distanciamento social ter interrompido as relações vitais da marca entre seus vendedores e clientes. Em uma transmissão ao vivo, um representante da marca apresenta itens para o público, e botões de “Adicionar ao carrinho” aparecem na tela. Estes estão diretamente ligados às informações no back-end através de APIs como Catálogo e Pedidos. Assim, os clientes podem simplesmente adicionar todos os produtos desejados e prosseguir para o checkout, sem sair da transmissão. O novo canal de vendas melhora a experiência de compras on-line, que muitas vezes é fria e distante, uma vez que é mais divertido e interativo do que a navegação em sites. A iniciativa do Grupo Soma não só segue a sua filosofia de enriquecer as conexões em um mundo em que o contato físico está restrito, mas também oferece resultados surpreendentes: mais de 2.000 pedidos em apenas uma hora de live-streaming. Impressionante!
Apesar das evidentes vantagens do headless, é preciso ter cautela. Com a acessibilidade dessa tecnologia, as marcas podem querer ir além e fazer (ou refazer) tudo. Mas elas estariam se aventurando em um terreno incerto, pois assumir muita coisa internamente pode ter um impacto considerável no crescimento do negócio. Um único projeto interno já pode ser extremamente difícil e caro de desenvolver e manter, portanto, ter vários projetos desse tipo em andamento requer uma análise consistente de custo-benefício. Além disso, focar em metas gigantescas faria com que a inovação que normalmente impulsiona a marca fosse esquecida, adiada ou ficasse sempre ofuscada. No longo prazo, isso significaria perdas consideráveis para a marca.
Por isso, para que o negócio cresça de forma sustentável, os varejistas devem se concentrar em detalhes que aperfeiçoem as vantagens competitivas da marca e que tragam algo a mais. Empresas experientes como a Cobasi acreditam que essa filosofia é ideal para otimizar recursos e alcançar melhorias inteligentes e contínuas.
“Entendemos que temos algumas soluções que são commodities e outras que nos diferenciam de nossos concorrentes. Portanto, vamos comprar as commodities (ou seja, a plataforma de e-commerce), mas construiremos internamente as coisas que nos diferenciam dos demais. Estamos tentando obter o melhor dos dois mundos.”
Felipe Tamburus, Head do Cobasi Labs
Na mesma linha, o Grupo Soma destaca que essa estratégia também maximiza um dos pontos mais fortes dos laboratórios de inovação do varejo: conhecimento em primeira mão sobre o DNA, a visão e as necessidades da marca, imprescindível para iniciativas táticas.
“Muitas empresas têm suas próprias plataformas de comércio, mas por quê? Isso não traz valor agregado para a marca. Mas uma ferramenta de live-streaming ou um aplicativo, sim. Portanto, terceirizamos as principais soluções e criamos internamente apenas o que é essencial para a marca, seus diferenciais. Podemos fazer isso porque ninguém conhece nossa marca melhor do que nós.”
Alisson Calgaroto, Diretor de Tecnologia e Inovação do Grupo Soma
Em resumo, compreender quais iniciativas internas realmente devem se basear na tecnologia headless é a chave para evitar o que a VTEX denominou “fadiga headless” – um estágio no qual os varejistas percebem que assumir demasiadas funções pode acarretar custos astronômicos e evolução lenta, prejudicando assim o objetivo original.
Portanto, não tente abraçar o mundo com as pernas. Em vez disso, pense estrategicamente, proteja seus laboratórios de inovação do varejo se você os tiver, e busque a inovação sustentável.