Descubra como as estratégias logísticas usando dark stores têm garantido entregas em tempo reduzidoe se tornado tendência no ecommerce
A partir da pandemia de COVID-19, o segmento de alimentos e bebidas tomou espaço no ecommerce. Segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico – ABComm, a venda neste setor teve alta de 339%. Tendo em vista esse cenário, a necessidade de melhorar a jornada do consumidor no processo de compras online veio como consequência, e tem se tornado mais do que uma tendência logística e, sim, parte da proposta de valor para varejistas do ramo.
Reconhecendo o aumento da demanda pelos clientes, as empresas têm investido de forma exponencial no crescimento das entregas de alimentos e bebidas. De acordo com dados divulgados pelo Statista, somente de outubro de 2020 a março de 2021 houve um aumento de investimento de 312% nesse segmento.
Quanto ao cliente, a expectativa tem aumentado cada vez mais em relação às compras online. Segundo o E-commerce Trends, um dos principais motivos de abandono de carrinho no ecommerce é o prazo de entrega, com 40,7% . Pensando nisso, as empresas têm reduzido cada vez mais esses prazos para satisfazer o cliente e melhorar a experiência de compra do consumidor, entregando também comodidade.
A questão chave é compreender como os pedidos estão sendo entregues em um tempo mais curto ao cliente. Uma das estratégias facilitadoras se dá através da implantação de diversos “centros de distribuição”, que podem ser próprios ou de parceiros. Neste artigo será abordada a principal estratégia de logística focada em entregas em tempo reduzido: as dark stores.
Será apresentado o passo-a-passo para a implementação de cada uma dessas estratégias e seus conceitos e desafios, que são ilustrados pelo case de sucesso do Empório da Cerveja.
Dark Stores são “lojas sem vitrine” que são fechadas ao público e atuam como mini centros de distribuição. Esse conceito surgiu no Reino Unido nos anos 2000 e inicialmente não deu certo quando aplicado em um supermercado da região. Não havia pedidos online suficientes para sustentá-la. Em 2009, a varejista britânica Tesco abriu sua primeira dark store para vender computadores e oferecer a conveniência da entrega “clique e retire”.
Em 2014, foi a vez da rede de supermercados Woolworths abrir sua primeira dark store. Em 2016, sua concorrente Coles, na Austrália, implantou também a sua primeira loja exclusivamente para atendimento online em Melbourne. A principal motivação dessa implantação foi a percepção de que os corredores do supermercado eram ocupados por muitos carrinhos para atender aos pedidos digitais, prejudicando a experiência de quem preferia ir pessoalmente à loja. Como resultado, o negócio online da Coles cresceu 25% somente em 2016.
Em seguida, as dark stores ganharam grande popularidade na França, no restante da Europa e na Rússia. No Brasil, foi a partir da pandemia de COVID-19 que este conceito se disseminou com mais força.
Uma pesquisa divulgada pelo qValon, mostra importantes dados que reafirmam a utilidade das dark stores:
Esse hack logístico é especializado na preparação e retirada rápida de pedidos, visando a otimização do tempo de entrega e eficiência. O diferencial desta estratégia é que, diferentemente de centros de distribuição tradicionais, as dark stores possuem tamanho pequeno. A seleção de SKUs é enxuta, e eles são selecionados de acordo com a demanda local, como por exemplo: azeites, bebidas geladas, produtos de limpeza, pães, saladas e sorvetes.
Outro fator interessante é que o processo de empacotamento das dark stores duram em média 2 minutos, tempo extremamente reduzido. Estabelecendo um paralelo com as pioneiras britânicas, um estudo divulgado pela AT Kearny revelou que as dark stores podem ser até três vezes mais eficientes do que os supermercados tradicionais.
As dark stores são espalhadas em grande quantidade pelos centros urbanos, e possuem localização estratégica, para que os produtos estejam a poucos quilômetros dos locais de entrega. Usualmente os varejistas utilizam um raio de até 2 quilômetros de distância para a seleção do galpão. Outra vantagem é que, diferentemente dos centros de distribuição tradicionais, não há custos com adequações, decoração ou preocupação com a localização ideal da loja, já que os clientes não possuem acesso a elas. Assim, torna-se uma solução econômica e com custos operacionais reduzidos, liberando o varejista para gastar com o que importa: uma melhor experiência para o cliente final.
O principal desafio para implementar essa estratégia é o mesmo de lojas que atuam apenas pelo ecommerce (pure player): a demanda por pedidos tem que ser totalmente digital sem o auxílio de uma experiência física.
A Empório da Cerveja é um ecommerce de bebidas alcóolicas, focado em cervejas artesanais, importadas e também específicas de diversas regiões, do segmento premium ao super premium. Foi fundada em 2011 pela AMBEV, e seu portfólio é composto por bebidas do grupo e algumas outras parcerias. A Empório da Cerveja faz entrega em diversas regiões do Brasil, e a utilização de dark stores tem trazido grandes benefícios para seu ecommerce.
Cliente VTEX desde 2018, foi em 2019 que o projeto piloto desta estratégia logística entrou em operação, através de um mapeamento de demanda da região que possibilitou entender as melhores localizações destes pequenos centros de distribuição. A estratégia de dark stores teve início quando a empresa observou que já tinha uma estrutura pré-definida de centros de distribuição espalhados pelo país (franquias, pontos de venda, operadores regionais), que precisariam apenas de pequenos ajustes para entrarem em operação como dark stores. Hoje a varejista já possui mais de 20 dark stores em atividade em todo o país.
A partir da utilização desta estratégia, a Empório da Cerveja registrou maior rentabilidade com a redução de custo de sua cadeia logística, como por exemplo, os impostos que deveriam ser pagos quando são realizadas entregas interestaduais, que neste caso, não são mais necessárias. Atualmente todas as dark stores da varejista oferecem frete grátis ao cliente, além da redução do tempo de entrega como consequência da melhor localização dos centros de distribuição, trazendo também maior satisfação para os clientes finais. O resultado disso trouxe à Empório da Cerveja um aumento de até três vezes de seu faturamento em algumas regiões do país e maior nível de retenção dos clientes.
Em resumo, a estratégia logística por dark stores visa acelerar o processo de entrega através de diversos pontos de coleta em malhas de atuação pré-definidas. E o foco principal é sempre oferecer o melhor serviço ao cliente, e com isso ter um consequente aumento de satisfação, retenção, taxa de retenção e conversão das lojas.
É de grande importância que os varejistas que tenham interesse em se manterem atualizados e competitivos no mercado, se adequem às novas tendências e exigências dos consumidores. Com o aumento da concorrência no mundo digital e consumidores extremamente rigorosos, hoje, mais do que nunca, podemos dizer que “Tempo é Dinheiro” quando falamos de comércio eletrônico.
Os volumes de pedidos e o ritmo de crescimento exponencial do ecommerce confirmam que a demanda do consumidor por atendimento rápido existe e tem se tornado cada vez maior. Pensar em logística como proposta de valor para alavancar a conversão é um excelente plano, atrelado à novidades e tecnologias relacionadas a essa frente.
Atualmente as entregas cada vez mais velozes, facilitadas pelas dark stores, já são conceitos amplamente utilizados, e a realidade atual do ramo de comidas e bebidas no ecommerce. A pergunta que fica então é: por que não expandir esses conceitos para outros segmentos?
Consumidores querem comprar tempo e as empresas têm a oportunidade de vendê-lo, independentemente do seu segmento. Ofertar tempo e oferecer sempre a melhor experiência ao cliente fará com que os varejistas consigam estar sempre a pelo menos um passo à frente dos demais que não pratiquem essas estratégias.