Uma constatação animadora, porém preocupante para as pessoas envolvidas no comércio é que a Black Friday está bem próxima. O evento acontecerá no dia 26 de novembro de 2021, seguido pela Cyber Monday três dias depois. Esse período de Black Friday e Cyber Monday é especial, pois é a segunda edição da grande temporada de vendas no varejo que acontece durante a pandemia do coronavírus.
Isto significa que as vendas digitais ainda deverão desempenhar um papel principal, mas, ao contrário do ano anterior, as marcas e os varejistas não precisarão ficar adivinhando as melhores estratégias em “tempos sem precedentes”. Nada de ficar sem rumo em territórios desconhecidos. Desta vez, é possível tomar decisões informadas com base no que funcionou anteriormente e prever com precisão o que está por vir para seus negócios online.
Para ajudar nesse sentido, reunimos algumas estatísticas da Black Friday para que você saiba o que esperar em 2021.
É fácil imaginar a tradicional atmosfera da Black Friday: chegar à loja cedo e às vezes até de madrugada; filas intermináveis; e muitas pessoas tentando conseguir as melhores ofertas, as “destruidoras de portas”. O nome dado aos descontos acaba fazendo sentido, pois refere-se a descontos realmente bons que fazem os clientes destruírem as portas a fim de consegui-los primeiro.
Mas o que historicamente era uma experiência de compra nas lojas físicas migrou para a Internet. As vendas online da Black Friday e da Cyber Monday estão em ascensão desde 2016 e, mesmo antes da pandemia, os consumidores começaram a preferir as compras digitais. Por exemplo, em 2019, a National Retail Federation informou que mais americanos compram online do que em lojas físicas.
O online está ganhando das lojas físicas por vários motivos.
Esta é uma estratégia que muitos varejistas usaram para descongestionar suas lojas físicas, porque o espaço online pode ser aumentado e diminuído conforme necessário, enquanto o espaço da loja física permanece o mesmo.
O crescimento do ecommerce em geral pode ser correlacionado com a popularidade da Internet em todo o mundo. O número mundial de internautas está em constante crescimento, assim como a taxa de penetração global dos smartphones. Como o ecommerce frequentemente é visto como a alternativa mais conveniente e rápida para comprar, não surpreende que a Black Friday também tenha sido digitalizada.
A cereja do bolo para preocupar as lojas físicas, sem dúvidas, foi a pandemia do coronavírus. Depois de uma edição quase totalmente digital em 2020 devido ao distanciamento social, parece que 2021 será melhor para os comerciantes de lojas físicas, mas o varejo não voltará ao que era pré-pandemia.
Por um lado, a análise do tráfego de clientes nas lojas físicas nos meses anteriores mostra um grande aumento no número de visitas aos shoppings. Por outro lado, as preocupações com a variante Delta e o crescimento dos casos levaram algumas lojas físicas, como o Walmart, a anunciar seu fechamento durante a Black Friday, com o objetivo de tornar as compras mais seguras. Nessa mesma linha, os clientes continuam relutantes em fazer compras presencialmente quando é esperado um grande número de pessoas.
A pandemia também forçou muitas pessoas a fazer compras online, seja pela primeira vez ou com maior frequência, e é pouco provável que elas parem de repente. Todas essas mudanças irreversíveis fizeram com que o digital ultrapassasse o físico, e talvez esse cenário não mude mais.
Globalmente, a receita das vendas online aumentou em 36% em 2020. Nos Estados Unidos, especificamente, as compras online na Black Friday chegaram a US$ 9 bilhões, um crescimento de 22%, e US$ 14 bilhões em todo o final de semana da Black Friday. No total, o período de cinco dias de Black Friday e Cyber Monday movimentou cerca de US$ 34 bilhões, que contabilizam 18% do total de vendas online em 2020.
No entanto, um dado importante a ser considerado é que, em 2020, os gastos arbitrários caíram drasticamente, com uma média de US$ 312 em comparação com US$ 362 em 2019. Mas agora a economia está se recuperando lentamente, por isso as pessoas esperam gastar mais este ano, recorrendo às suas reservas feitas durante a pandemia ou às opções de financiamento “Compre agora, pague depois“. O setor está esperando um crescimento de 20% em relação ao ano anterior nas vendas online deste ano.
A corrida não termina quando o relógio marca meia-noite, que seria o fim oficial da Black Friday. As empresas de comércio sazonal sabem que a Cyber Monday é, talvez de forma contraintuitiva, a grande ameaça. Tanto em 2019 quanto em 2020, as vendas da Cyber Monday superaram as da Black Friday devido aos seus melhores descontos, ganhando o título de maior dia de vendas digitais de todos os tempos, pelo menos na história dos Estados Unidos e do Reino Unido (os grandes eventos de varejo da China, como o Dia dos Solteiros, superam esse com vantagem).
O período entre a Cyber Monday e o Natal é muito curto, então os varejistas começaram a estender a BFCM até o final do ano, tanto online quanto offline — às vezes começando semanas antes da Black Friday. No Brasil, os varejistas adotaram o chamado Black November, com o objetivo de oferecer descontos e promoções durante todo o mês de novembro.
Em geral, toda a temporada de compras de final de ano, que começa no Dia de Ação de Graças nos EUA, é o período mais exigente do ano no varejo: 30% de todas as vendas de varejo do ano ocorrem no período desde a Black Friday até o Natal.
Eles estão promovendo descontos com uma abordagem de oferecimento prolongado, o que, por sua vez, facilita uma experiência de compra mais segura nas lojas físicas e reduz as chances de atrasos no envio de pedidos feitos online.
Segundo a SEMRush, o crescimento interanual das buscas pelos termos “Black Friday” cresceu significativamente no mundo inteiro nos últimos anos. Por exemplo, nos EUA, entre 2017 e 2018, houve um crescimento de 8,71%, seguido por 4,59% entre 2018 e 2019, e no ano passado apresentou incríveis 34,13% de crescimento interanual. Em 2021, as buscas provavelmente não crescerão no mesmo ritmo, mas o aumento provocado pelo efeito pandêmico garantirá tendências positivas.
Em termos de interesse regional pela Black Friday em 2020, o Brasil liderou os resultados, com um crescimento de 48% no interesse de busca, seguido pelos EUA e pelo Canadá disputando o título de segunda nação mais engajada, com aproximados 34%. No entanto, dado que a América Latina atualmente é o mercado de ecommerce de varejo regional que mais cresce segundo o eMarketer, os varejistas que têm operações na área provavelmente se beneficiarão deste crescimento em 2021 e nos anos seguintes.
A análise da SEMRush também considerou os três principais produtos e grupos de produtos mais disputados pelos clientes durante a BFCM. As categorias mais populares foram laptops, TVs e micro-ondas. Já os produtos mais vendidos foram os famosos Nintendo Switch, PlayStation e Apple AirPods, seguindo as tendências do ano anterior: os produtos tecnológicos mais caros sempre foram e continuam sendo a principal atração do evento.
No entanto, os eletrônicos de consumo não são tudo. Os varejistas de moda também têm lançado mão de grandes descontos, e há quem diga que o setor de brinquedos não deve ser subestimado. A decoração para casa provavelmente será outro concorrente para o prêmio de popularidade, especialmente agora que as reuniões de final de ano finalmente poderão ser retomadas com segurança.
As descobertas e previsões mais interessantes de todas, entretanto, são os setores de supermercado e CPG. De acordo com o Adobe Analytics, as compras de produtos de supermercado online na Black Friday 2020 aumentaram 397% em comparação com as médias diárias de outubro, mais uma vez em grande parte devido à COVID-19. Já as vendas de produtos para cuidado pessoal aumentaram 556%, enquanto os produtos para animais de estimação aumentaram 254%. Em 2021, estas categorias têm tudo para serem as líderes novamente.
Durante todo o período da BFCM e do final de ano em 2020, o tráfego online e os gastos acumulados por tipo de dispositivo apontaram os seguintes números:
As métricas acima mostram a tendência do consumidor a navegar usando dispositivos móveis e finalizar a compra no computador, talvez devido a uma sensação de maior segurança e conforto. No entanto, esse status quo mostra dois fatos importantes.
Em primeiro lugar, os clientes são omnichannel. Eles esperam mudar de um meio para outro com facilidade durante a experiência de compra. Isto significa que as lojas online também devem ser omnichannel. A mera possibilidade de adicionar itens ao carrinho enquanto estiver no celular e depois poder finalizar o pedido em um tablet, sem perder o carrinho montado, é muito valorizada pelos consumidores que buscam conveniência, assim como a opção de comprar online e retirar na loja.
Em segundo lugar, embora o computador ainda seja o líder absoluto em receita, a experiência de compra em dispositivos móveis está cada vez mais importante e, ousamos dizer, é uma necessidade. Além das estatísticas mencionadas anteriormente, vale mencionar que as compras em dispositivos móveis tiveram uma taxa de conversão 15% maior em 2020 e é provável que a tendência continue em 2021, seguindo o crescente número de smartphones. Isto significa que as páginas de navegação e os aplicativos para celulares precisam ser pensados em termos de UX/UI e a velocidade de carregamento da página deve ser super-rápida.
Alguns dos dias mais agitados do ano vão chegar em questão de semanas e os varejistas e as marcas precisam aproveitar todos os recursos à sua disposição para arrasar na Black Friday. Os insights e resultados obtidos no ano passado dão uma pista sobre o que deve ser considerado. No entanto, uma coisa está mais que clara: o ecommerce será indispensável.