O marketplace já é uma realidade no universo de shopping centers. Se até o início do ano muitos executivos do setor ainda duvidavam do potencial desse modelo, a pandemia contribuiu para indicar que o mundo digital é um caminho sem volta e uma oportunidade única para a transformação desse segmento. E institutos indicam isso.
Levantamento da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) revela que os brasileiros, depois de experimentar o comércio eletrônico, estão mudando o comportamento de consumo. Dos entrevistados, 70% pretendem continuar comprando mais pela internet do que antes da covid-19.
E, de fato, os números do e-commerce cresceram. Segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o número de pedidos no e-commerce brasileiro nos primeiros 6 meses deste ano aumentou 65,7%, passando de 63,4 bilhões para 105,06 bilhões se comparado ao mesmo período de 2019.
É neste cenário que o modelo de negócios dos shopping centers, que já vinha passando por transformações, mesmo antes dos desafios por conta das medidas de isolamento e enfrentamento à pandemia, começa a se transformar visando oferecer ao cliente uma experiência completa e totalmente integrada. O que o marketplace traz de novo para este jogo? Os pontos iniciais são a integração e conveniência para o consumidor: por meio do marketplace, o consumidor poderá comprar em várias lojas em um único check-out, com todas as lojas do shopping integradas numa experiência holística do cliente, com uma experiência de compra centralizada.
Isto vem ao encontro do novo comportamento desse consumidor. Afinal, as pessoas estão cada vez mais imediatistas e querem mais rapidez e praticidade. Com o marketplace, o shopping passa a oferecer ao cliente a possibilidade de colocar produtos de diferentes lojas numa única compra, sendo que ele pode optar em não pagar pelo frete e retirar no shopping, ou seja, ele ganha um leque maior de opções de como fazer e receber suas compras
E não é só o consumidor que é beneficiado. Enquanto os lojistas que já operam no e-commerce terão mais um canal para divulgar seus produtos, aqueles que ainda não estão nesse ambiente terão a oportunidade de passar a vender pela internet. Um estudo feito internamente pela VTEX junto a uma amostra de 881 empresas franqueadoras de todos os segmentos de mercado filiadas à ABF – Associação Brasileira de Franchising mostra que um pouco mais de 600 delas não têm um canal de comércio eletrônico, ou seja, 70% das redes franqueadoras não possuem operação e-commerce.
Para os empreendimentos, investir no marketplace também significa incrementar a receita com a área bruta locável (ABL) de forma digital. Com esse novo conceito de ‘ABL Digital’, o shopping pode ganhar uma nova condição comercial para gerar mais receitas com locações “digitais” dentro do marketplace, ao agregar novos lojistas ao shopping virtual. Isso aumenta o leque de serviços oferecidos e contribui para estreitar relacionamento, reter e acolher lojistas fora do seu mix e potencializar uma “locação mensal digital”.
Quanto mais lojas e mais opções de compra, melhor para todos. Na era do imediatismo, onde as pessoas procuram tudo num único lugar, toda conveniência torna-se uma experiência de compra completa e satisfatória.
Conforme dados do Social Miner, empresa que oferece uma plataforma de marketing digital para e-commerce, 52% dos consumidores afirmaram que pretendem comprar online e retirar nas lojas físicas e 50% esperam poder contar com drive-thru em shoppings, ou seja, uma jornada de compra integrada nos ambientes ON e OFF. Isto quer dizer que o shopping center precisa estar preparado para atender diferentes motivações de um consumidor cada vez mais “Figital” (físico+digital).
Ao romper as barreiras do varejo físico, é possível vender a qualquer momento. A aposta no online começou como uma estratégia de defesa, já que o e-commerce parecia uma ameaça para o varejo físico e para os shoppings. É um movimento para estar onde o cliente quer estar, aliando o físico e o digital.
Vale lembrar que, para um shopping center, o marketplace é muito mais que um canal de vendas on-line, é também uma ferramenta que irá impulsionar o negócio dos lojistas no ponto de venda e incrementará o fluxo de consumidores nos malls, uma vez que o cliente pode optar por retirar o produto no empreendimento. Dados de mercado indicam que 10% dos clientes que optam por retirar na loja acabam comprando mais produtos. O digital comprova, desta forma, o potencial de fomentar novas vendas no varejo físico, tudo de forma integrada.
Uma coisa é certa: o modelo de negócio dos shopping centers, que já vinha passando por transformações importantes, mudou de forma mais radical e intensa neste ano e isso é um caminho sem volta.
A pergunta que deixo é: seu shopping vai ser protagonista ou espectador?