No dia 11 de novembro do ano passado, o Alibaba movimentou US$ 30,8 bilhões em suas plataformas online no mercado chinês, o equivalente a 2,5 vezes as vendas de todo o e-commerce brasileiro em 2017. O Single’s Day se transformou na principal data do varejo online em todo o mundo. O que começou em 2009 como uma ação promocional voltada para os solteiros é hoje um gigantesco espetáculo de vendas, do qual 180 mil marcas participam e no qual os consumidores mergulham e gastam em uma escala espantosa. Embora o evento tenha características especiais, que não podem ser replicadas no mercado brasileiro, é possível aprender muito com o que acontece do outro lado do mundo nesse único dia.
Promoções são importantes no Single’s Day, mas o evento vai muito além disso. Para marcas e varejistas, o conteúdo produzido para o evento se transformou em um canal relevante de marketing. O racional é claro: é impossível obter diferenciação em relação a outras 180 mil marcas se o único apelo é preço. Assim, vídeos, infográficos, tutoriais e reality shows em torno dos produtos são importantes para que as marcas se tornem mais relevantes.
Aqui no Brasil, a Black Friday está começando a se mover além do multicanal. Na China, o Single’s Day é omnichannel. Utilizando plataformas como o WeChat (que reúne meios de pagamento, sistema de mensagens e rede social em um único app), varejistas em shopping centers conseguem, por exemplo, distribuir vouchers de estacionamento grátis para estimular os clientes a fazer o click & collect de suas compras.
Em um ambiente de grande conectividade, usar os dados disponíveis permite obter vantagens competitivas. Conhecer melhor o cliente, saber como (e o que) ele interage com seus amigos, que meios de pagamento usa, que produtos pesquisa e em que canais compra, tudo isso passa a ser a base para novas ações. O varejo baseado em dados permite personalizar as campanhas e ofertas, reduzindo a dispersão das ações e aumentando sua rentabilidade.
A possibilidade de verticalizar a comunicação, alcançando públicos específicos, impulsiona a interação com os consumidores por meio de plataformas sociais que criam espaços de convivência entre pessoas com preferências em comum. WhatsApp, Facebook, Instagram e até mesmo seu próprio site podem ser aproveitados para aproximar clientes e para obter mais informações sobre eles.
Ainda mais em um cenário omnichannel, em que o consumidor está em movimento enquanto interage com marcas, produtos e serviços, é impossível ter bons resultados baseando suas ações em um ambiente desktop. Comunicação, promoções, descontos, conteúdo, ofertas, tudo precisa ser mobile. Estruture sua estratégia para aproveitar recursos de geolocalização, estimular o cliente a baixar seus aplicativos e integrar as ações online com as lojas físicas mais próximas.
O mercado chinês possui características únicas e, em muitos aspectos, está muito à frente do que é viável fazer no Brasil atualmente. É possível, porém, aprender muito com o que acontece por lá e aplicar, desde já, esses conceitos e estratégias às suas ações.