Há algum tempo, as barreiras entre o que é um negócio B2B, B2C, D2C, B2B2C ou outras denominações vêm se tornando mais fluidas. Uma das razões para isso são as mudanças nos modelos de consumo: na busca por melhores preços e rapidez na negociação e na entrega, clientes encontram mais facilmente o fabricante, deixando de lado o personagem intermediário.
A mudança de hábitos de compra é comum a todas as gerações, mas parecem mais velozes e nítidas com a internet. Facilitadoras desse processo, as ferramentas de inovação digital, como o e-commerce, servem para maturar essa tendência e transformá-la em uma realidade sólida. Na ponta produtora dessa conversa, quem ganha é o fabricante adaptado para a evolução.
A transformação digital não é um passo simples para empresas ou indústrias fundamentadas no mundo físico ou acostumadas a modelos tradicionais. O relacionamento direto de alguns segmentos com seus consumidores finais pode demandar fortes ajustes em toda a cadeia logística envolvida, além de significar um abalo na relação com canais distribuidores, representantes e revendedores.
Mas é possível criar estratégias diferenciadas de atuação sem impactar os atuais modelos de distribuição. No D2C, por exemplo, a possibilidade de customizar produtos ou apresentar aos clientes um mix mais amplo do que aquele oferecido nos canais tradicionais cria novas oportunidades de negócios e permite que os próprios varejistas usem essas informações na hora de tomar decisões de compra de produtos. O canal D2C, dessa forma, pode servir como um teste-piloto de linhas de produtos.
Um ponto importante é a necessidade de implementar modelos de desenvolvimento ágil, mesmo em empresas rigidamente organizadas, para viabilizar esses novos modelos de negócios. A visão focada no cliente (customer centric) precisa substituir a tradicional visão focada no produto (product centric) e uma forma interessante de realizar essa transformação é implementar modelos de desenvolvimento típicos do mundo digital, como o agile, para provar rapidamente a viabilidade de conceitos de negócios. Uma vez vencidas as resistências iniciais, os primeiros resultados desses conceitos já mostram se vale a pena continuar insistindo nesse caminho ou se é preciso trazer novas abordagens para a inovação.
Outros gargalos enfrentados pelas companhias que abraçaram o conceito de Indústria 4.0 são o alcance direto ao consumidor sem gerar conflito de canal com distribuidores ou revendedores; a personalização de produtos em canais específicos para o consumidor final; a diferença de preços entre canais; e a adaptação do supply chain para o consumidor omnichannel. O mercado brasileiro já conta com casos reais e modelos de sucesso adotados por indústrias rumo ao sucesso da transformação digital. Conhecer o que empresas como Whirlpool, AB InBev, Oster, Cadence, Sony e Motorola estão fazendo é um caminho importante para alcançar o sucesso na transformação digital de seu negócio.